história vencida

Porque você não era o que eu pensava, conseguia se pintar de várias maneiras e eu amava todas essas suas cores. Amava por pensar que eram realmente suas. Mas como os olhos podem se enganar. Como o ser humano pode ser tão vulnerável às palavras? E como pode um outro, um semelhante, manipular de tal forma a construir bons sentimentos. B-o-n-s –S-e-n-t-i-m-e-n-t-o-s, nem sei mais o que isso quer dizer. Antes essas letras não precisavam ser mencionadas pra que eu pudesse sentir. Não precisavam de um som, de um meio para tornarem-se reais. Mas só pra mim, por que a realidade – e hoje eu sei bem disso - a realidade pode ser uma mentira para uns enquanto preenche corações e liberta almas de outros.
Não que tenha só me feito mal. O processo é difícil e dolorido até que se compreenda e se aceite que as coisas são mesmo assim, desse modo. Sem maiores emoções, loucas reações que se espalham e se mesclam com a vontade da explosão. De culpar todos aqueles que estão no caminho, que estiveram por perto e todos aqueles que ainda vão chegar. O desconhecido passa a ser inimigo também. Até que a melhor das decisões é ir me afastando, afastando qualquer um, afastando os desimportantes. O isolamento começa agora e não se culpe porque a culpa é inevitável e hoje, minha. A sorte de acreditar e ser feliz, ou o azar de ser enganado para depois sofrer sem negociação, tudo meu. As fábulas começam e terminam sempre com as mesmas frases e depois de ler e reler palavras tão alheias, porém tão hipnotizantes vejo que sim,  é inegável o isolamento, não é necessário mas é inegável. Não há como fugir. Percebe quantos monstros saem dos livros e se voltam contra nós na vida real? E o resto é só resto e não faz parte do que vivemos.

Eduarda Cristina